segunda-feira, 25 de março de 2013


Os cidadãos cabo-verdianos que responderam a um estudo do Centro de Investigação em Gestão (CIGEST) do Instituto Superior de Gestão, do grupo Lusófona, Portugal, avaliam como “excelente” a actuação o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca (91,2%). Já o Primeiro-Ministro, José Maria Neves, apesar de um desempenho longo no tempo, goza ainda de grande valia – 68,6% - com 31,4 por cento de negativismo. O principal problema apontado é o desemprego. Este estudo foi feito com uma amostra de 2.175 cidadãos cabo-verdianos de ambos os sexos.

O líder da oposição, Carlos Veiga, recolhe também muito apreço (69.6%), de avaliação positiva e 30,4 por cento de negativa. Jorge Carlos Fonseca é o político que oferece mais confiança. Mas mesmo assim, a classe política só vem depois dos professores, dos médicos, dos padres dos soldados e dos jornalistas.
Neste estudo o principal problema apontado pelos cabo-verdianos, comum aos três líderes – PR, PM e Carlos Veiga - foi o pouco empenho no combate ao desemprego, considerando que o Governo podia fazer mais. Aliás, o desemprego é primeiro problema que afecta os cidadãos (74.6%) das opiniões, seguido da falta de segurança (26,9%) e da falta de saúde (24,7%). Os cabo-verdianos apontaram a falta de electricidade como um problema, em quinto lugar (10,3%).
A principal melhoria do Governo acontece nas infra-estruturas - estradas e barragens - mas, neste particular 50% dos inquiridos não quiseram dizer nada negativo. Apenas 9,6 por cento referiram “promessas não cumpridas”.
Sobre a qualidade de vida, comparativamente ao ano anterior, as opiniões divergem, assumindo 40 por cento que ela mantém-se. Cerca de 30% das opiniões consideram que a qualidade de vida piorou em relação ao ano passado, e outros 30 por cento opinam que a vida melhorou. As mulheres foram mais optimistas do que os homens, aponta o estudo. A ilha do Sal foi a mais pessimista.
Quanto ao grau de confiança nas instituições, o estudo revela que os cabo-verdianos confiam mais nos médicos, professores e padres. Os políticos estão do lado oposto da escala da confiança.
Por áreas de governação, o principal indicador com o maior saldo positivo foram os esforços em conseguir “a Imagem de Cabo Verde no Mundo” (50,3%), seguido da Cultura (30,6%) e da Saúde (30%5). Com saldo negativo estão as opiniões sobre a Economia e Competitividade (-21,8%), Finanças Públicas (-22,8%), Honestidade na gestão do Governo (-27%). Com maior negatividade, vem a Electricidade e Água (-29,3%) e Emprego e Formação Profissional (-37,4%).
Sobre a avaliação do presidente de Câmara, a maioria dos municípios consegue uma performance positiva, com sinais claros de melhoria face ao anterior mandato. Os “melhores” municípios são São Filipe (87,7%), Praia (81,9%), Porto Novo (77,5%) e Paul (64,9%). Os de pior desempenho são Ribeira Grande de Santiago ( (0,1%), e com saldos negativos são Brava com (-7,3 %) e Calheta de S. Miguel (- 20,8%).
O estudo, intitulado “Cabo Verde - Sociedade e poder”, não foi encomendado, foi feito por iniciativa do Centro de Investigação em Gestão (CIGEST) do Instituto Superior de Gestão, do grupo Lusófona, Portugal, pelos professores Teresa Damásio, Anabela Simões, Miguel Varela e Rita Marques.
Aconteceu nos meses de Novembro e Dezembro de 2012, em 22 concelhos das nove ilhas habitadas de Cabo Verde por universitários cabo-verdianos locais, seguindo a metodologia de uma mulher ou um homem por família, em meio urbano e rural. O grau de probabilidade de erro é de 2.1. O objectivo passa por conhecer melhor a qualidade de vida dos cabo-verdianos e o que eles pensam das suas instituições: do Governo por áreas de actuação e dos presidentes de Câmara.
O estudo foi apresentado esta quarta-feira em Portugal, mas será dado a conhecer aos cabo-verdianos no próximo mês de Abril. Estavam na sala vários quadros cabo-verdianos, seniores e jovens. Alguns fizeram alguns reparos quanto aos dados relativos às ilhas do Fogo e Sal, pela surpresa de algumas respostas penalizadoras, mas consideraram que o estudo é um ponto de partida para novas análises.
Os investigadores consideraram que estas duas ilhas merecem um estudo mais aprofundado para se compreender determinados resultados. Quem quiser consultar o estudo na íntegra pode solicitar o pedido junto do CIGESTE, através do seu site.


Fonte: ASEMANA