segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O Primeiro-Ministro inaugurou, nesta tarde de segunda-feira, 14 de Outubro, a primeira agência do Banco da Cultura culminando um trabalho de alguns anos a esta parte, do Governo através do Ministério da Cultura, para uma solução concreta para responder à grande necessidade de financiamento por parte dos agentes culturais. Um projecto que, tanto o Primeiro-ministro, José Maria Neves, quanto o Ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, acreditam que irá ajudar a dinamizar e a promover uma verdadeira economia da cultura, transformando em riqueza económica a nossa grande riqueza cultural.


Visivelmente satisfeito, o Primeiro-Ministro, em entrevista ao PMTV, afirmou a sua convicção de que  o Banco da Cultura (BC) irá ajudar a dar uma resposta concreta e efectiva à grande dificuldade de financiamento dos artistas e seus projectos, sendo, por isso, uma medida clara para a dinamização do sector cultural e a sua transformação para que possa constituir uma verdadeira economia da cultura, ou seja, para que a nossa grande riqueza cultural possa corresponder ao seu potencial enquanto gerador de riquezas e contribuir efectivamente para o crescimento do PIB nacional.Com critérios rigorosos e transparentes o referido banco irá “criar condições para financiamento dos agentes culturais, mas sobretudo, abrir as possibilidades para que possa haver mais igualdade de oportunidades entre todos”, e com custos mais baixos.O Ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, por sua vez, destaca o pioneirismo de Cabo Verde com este projecto, sendo um dos primeiros bancos do tipo no mundo. “Para o país representa a inovação, e a cultura tem esse papel, de ser um dos primeiros países do mundo que tem um banco da cultura…”, inclusive merecendo a atenção de outros países que vêm solicitando a consultoria de Cabo Verde na efectivação de projectos idênticos, nomeadamente Angola e Moçambique.Sobre a importância do Banco, Sousa afirma que o banco vem precisamente preencher aquela lacuna relativamente ao financiamento da arte, já que os bancos comerciais não costumam apoiar projectos “intangíveis” como é a arte. “Não acreditam no intangível, querem é matéria, não é?! Aquila que chamam garantia real e nós estamos a falar de garantia abstracta, o intangível é um valor e o BC trabalha com esse valor.Ainda em relação às formas de financiamento dos projectos pelo BC, o Ministro da Cultura explica que há seis sistemas de financiamento, nomeadamente o financiamento a fundo perdido, o financiamento reembolsável, através do Fundo de Garantia ou ainda através da Lei do Mecenato ou ainda através do adiantamento de verbas, ou de aquisição de obras de artes. De acordo Com Sousa, são processos simples e que os interessados poderão aplicar para os referidos financiamentos através de formulários online, com resposta directa através de sms ou e-mails. Fique atento à reportagem do PMTV sobre esta mesma matéria.

O Banco da Cultura tem 217 mil contos disponíveis para financiamento de projectos culturais, e todos os artistas e agentes culturais cabo-verdianos podem ter acesso à verba, anunciou segunda-feira, na Praia, o ministro Mário Sousa Lúcio.

Segundo o ministro, todos os artistas ou agentes culturais com projectos ligados à cultura podem ter acesso ao Fundo Autónomo de Apoio à Cultura (FAAC) através de cinco formas de financiamento, como a fundo perdido, reembolsável, adiantamento de verbas, fundo de garantia do BIDC e da lei do mecenato.
“Em todas as ilhas, existem um balção do Banco da Cultura, onde se pode apresentar os projectos”, disse o ministro, explicando que esses projectos têm de cumprir alguns critérios, como fomentar o emprego e gerir rendas, acesso à cultura, integração social e cultural, criação e inovação, sustentabilidade financeira e credibilidade técnica e financeira.
Mário Sousa Lúcio adiantou que o banco, criado há dois anos, conta neste momento com 199 projectos de pedido de financiamento ligados à música, filmes, artesanato, eventos culturais, espaço cultural, literatura, artes plásticas, teatro e dança, comunicação multimédia e entre outros.
“Todos os projectos têm de ser credíveis”, indicou, apontando que os projectos de fundo perdido e projectos orçados até 1500 contos não passam pelo banco comercial e que são financiados directamente pelo Banco da Cultura.
Por sua vez, o primeiro-ministro, José Maria Neves, assegura que o Governo pretende criar condições para o financiamento dos agentes culturais, abrindo “possibilidades para que possa haver mais igualdade de oportunidade entre todos”, de forma a terem acesso a apoios não reembolsáveis, mas também a financiamentos com custos mais baixos em igualdade de oportunidade para todos.
O chefe do Governo declarou que o Ministério da Cultura está a dar um “grande passo”,  que irá “provocar mudanças de atitude, de comportamentos” e uma “nova forma de abordar a cultura”.
“Cabo Verde tem grandes talentos culturais, onde estamos a criar e inovar, e é possível transformar todos esses talentos em riquezas, já que não temos recursos naturais”, referiu José Maria Neves, salientando que é “necessário apostar fortemente” nessas riquezas e patrimónios.
Gugas Veiga, produtor musical e agente cultural, explicou que esse fundo é “uma grande oportunidade para os artistas” e que vai criar espectativas em relação ao financiamento dos projectos dos agentes culturais para quem o fundo significa “o renascimento de uma nova esperança”.
Segundo o agente cultural, apesar do banco estar a funcionar há dois anos, existe ainda algumas burocracias, mas afirmou que vão trabalhar para que os projectos futuros se concretizem e sejam financiados dentro das normas previstas e dos critérios existentes.
O Banco da Cultura foi criado pelo Fundo Autónomo de Apoio à Cultura, e tem por objectivo contribuir para a preservação, defesa e valorização do património cultural cabo-verdiano, financiando projectos na área ca cultura, a fundo perdido e ou a título reembolsável.

sexta-feira, 26 de abril de 2013


O Ministério da Cultura, através do Banco da Cultura (Fundo Autónomo de Apoio à Cultura), assinou esta sexta-feira, 26, um acordo com o Ecobank.

Criado há dois anos, destina-se a financiar projectos específicos em vez de o Ministério da Cultura continuar a atribuir "apoios e subsídios" isolados, como era feito até agora. Os projectos contemplados serão financiados com juros a 2 por cento (%).

Na prática, com a assinatura do acordo com o Ecobank, os criadores nacionais passam a dispor de mais um banco a quem recorrer para os projectos que queiram implementar, já que o Orçamento do Estado só atribui ao MC 0,4 por cento do bolo geral, o que corresponde a cerca de 79 mil contos anuais.
Fonte: A Nação

quarta-feira, 10 de abril de 2013


Kretxeu, a nota original do AME CV


O Atlantic Music Expo inova também com a criação da sua própria moeda de troca. Em lugar de senhas de alimentação, os artistas e expositores convidados receberam da organização alguns ‘kretxeus’ aceites nos principais bares, pubs, esplanadas e restaurantes do centro da cidade da Praia onde decorrem todos os eventos desta primeira edição da feira da música do Atlântico.


Uma passagem rápida pelas artérias do Plateau é suficiente para se notar os cartazes bem visíveis na entrada de espaços comerciais chamam a atenção dos que passam. “Aceitamos Kretxeus” ainda traduzido para o inglês, francês e também para o crioulo.
São notas originais e com uma imagem bastante atractiva. No verso, a figura de Nha Nácia Gómi com algumas estrofes em crioulo de Santiago.

sexta-feira, 5 de abril de 2013


O Atlantic Music Expo Cabo Verde (AME_CV) conta com 41 inscritos para showcase de artistas nacionais e mais de 60 inscritos internacionais de 30 países. O maior mercado da música anunciado ao mundo em Outubro passado no Womex (World Music Expo), na Grécia, visa atrair gente dos quatro cantos do globo que queiram saber mais sobre a música cabo-verdiana e não só.

O Ministério da Cultura abriu as portas para o maior mercado internacional da música em Cabo Verde. Uma oportunidade para artistas, agentes, managers, produtores e demais envolvidos no mundo da música mostrarem o que se faz no país.

Ao todo estão 41 inscritos para o showcase, um espaço onde artistas seleccionados poderão mostrar ao vivo as suas criações sobre o olhar de profissionais internacionais exigentes, fora as 60 inscrições internacionais recebidas até ao momento, abrangendo profissionais de mais de 30 países.
Dos inscritos para o showcase, apenas 13 foram seleccionados para uma apresentação em concertos muito específicos para profissionais: Diva Barros, Bau e Hernani Almeida, de São Vicente; João Eugénio, (São Nicolau), Sara Alhinho, Jay e Djodje (Santiago), Kaká (Boa Vista), Dani Santoz e Uziel Sança (Sal), Michel Montrond  e Neusa (Fogo) e os Irmãos Unidos (Santo Antão).
Para além de algumas desilusões de artistas que não foram chamados, críticas logo surgiram por causa do pagamento de três mil escudos para a inscrição e a não confirmação de que todos irão participar dos concertos. Ana Maia, coordenadora do AME_CV, explica que não se tratava de castings, uma vez que nas inscrições obtidas fazia-se uma selecção.
“Os mercados internacionais têm as suas regras. Este não é um festival de talentos e uma das características é que as inscrições devem ser pagas para a sustentabilidade do próprio mercado”, diz Ana Maia.
Por se tratar de um mercado para profissionais e, se assim é, “quem é profissional”, na óptica daquela responsável, deve ser o primeiro a dar sinal disso. “É um investimento”, entende. “Há produtores nacionais que, nos encontros que fizemos, se mostraram abertos e disponíveis a ajudar esses artistas, pagando-lhes tudo”.
A par do showcase ainda, segundo Maia, os artistas que se inscreveram, quer os seleccionados quer os não seleccionados, poderão participar em vários momentos de aprendizado, troca de experiências e conhecimentos, tais como conferências, workshops, feiras de instrumentos e stands (de promoção, de instrumentos e equipamentos). “Para essas áreas há um total de mais de cem participantes nacionais, abrangendo mais de setenta músicos, agentes, managers, produtores, editores, instituições, municípios”, conta.
UM EVENTO DE PRESTÍGIO
O Ministério da Cultura diz que está a apostar na qualidade para um maior prestígio e reconhecimento dos actores internacionais da música de modo a atrair um maior número de investidores nessa área.
E quanto às críticas segundo as quais alguns artistas com talento reconhecido em Cabo Verde terem ficado fora dos concertos, a coordenadora da AME_CV salienta que, tratando-se de um evento sério, “profissionais sérios foram chamados”.
E explica também: “O mercado tem os seus critérios previamente definidos a nível mundial e, nisso, se não se cumprir com esses critérios, qualquer iniciativa deste tipo perde prestígio e os profissionais estrangeiros não se deslocam a esses mercados; sem estes, portanto, desaparece, ficando com isso os artistas prejudicados”.
De todo o modo, segundo a mesma fonte, para evitar certas situações, um júri internacional tratou de cuidar da escolha dos artistas para o concerto. “Esse júri foi proposto pelo Womex, World Music Expo, e foi constituído por Christian Mousset (director do Festival de Angoulême, França), Carlos Seixas (director do Festival de Sines, Portugal) e Ivan Ferraro (director da Feira da Música do Ceara, Brasil).
HARMONIA, PARCEIRA DA AME_CV
A Hamonia Produções, representada em Cabo Verde por Djo da Silva, é um dos parceiros fortes do Atlantic Music Expo Cabo Verde. Por ser uma empresa de música com experiência em eventos internacionais foi o parceiro cabo-verdiano indicado pela própria Womex, que nunca esteve em África, antes.
“O MC é o promotor do evento, mas não tem capacidade técnica, nem profissionais especializados para a execução do mercado. Por isso fez um contrato com a Womex e seus associados. As inscrições internacionais são pagas directamente para a conta da Womex, na Alemanha, usando a plataforma da Womex. Para facilitar a participação nacional, pediram à Harmonia que aceitasse o pagamento das inscrições em Cabo Verde”, esclarece Ana Maia.
Este é um evento com um público-alvo específico, e junto destes, o MC garante que houve uma ampla difusão. “Tudo isso foi explicado em todos os encontros feitos em várias ilhas. Não há concorrência, há contactos”, enfatiza aquela porta-voz.
Durante o EMA_CV está prevista uma formação ministrada por experts internacionais dirigida aos profissionais nacionais marcada para 7 de Abril, com o intuito de explicar o funcionamento e os benefícios do mercado mundial de música. A todos os inscritos serão fornecidos um crachá que lhes permite participar activamente no mercado e podem levar seus CD's, flyers, DVD’s, cartões-de-visita e os distribuírem aos directores de festivais, produtores, agentes e managers.
“Haverá speed meetings, encontros facilitados entre os caboverdeanos e os estrangeiros, assistidos por instituições do Estado, para ajudar nos contactos e nas negociações, entre várias outras actividades”, diz Ana Maia.
APRESENTAÇÕES PELAS ILHAS E MUNDO
Recorde-se que o AME_CV foi apresentado, com a presença do ministro Mário Lúcio Sousa, entre 5 de Janeiro e 10 de Março, em São Vicente, Porto Novo, Ribeira Grande, Paul (Santo Antão), Sal, Ribeira Brava e Tarrafal (São Nicolau), Boa Vista, Maio, São Filipe, Mosteiros e Santa Catarina (Fogo), Brava e na cidade da Praia (Santiago). O Ministério da Cultura garante que foram convidados todos os interessados dos restantes municípios.
“Em todos esses lugares houve encontro com os músicos e agentes culturais, em que se explicou detalhadamente, com vídeo e powerpoint, tudo sobre o mercado. Ainda foram distribuídos folhetos, flyers, contactos e esclarecidas todas as dúvidas. As informações ainda foram colocadas no site ww.ame.cv e outros meios de comunicação”, conclui Ana Maia, que com estes dados espera ter esclarecido todas as dúvidas e questões sobre o AME_CV.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O mundo da música aterra na próxima semana na Praia para tornar realidade a Atlantic Music Expo Cabo Verde (AME), a primeira grande obra de Mário Lúcio Sousa como ministro da Cultura. Nesta entrevista ao Kriolidadi, o governante que faz da arte uma profissão de fé – é músico, escritor e pintor – fala da revolução que um evento desta natureza vai trazer à indústria musical cabo-verdiana e dos planos para o futuro. É que pelo menos nos próximos três anos vamos ter o AME.



- Senhor ministro, antes de mais, explique aos cabo-verdianos: o que é a Atlantic Music Expo?

A Atlatic Music Expo Cabo Verde, resumindo, é uma Feira Mundial da Música. Assim como existem as feiras de turismo, os salões de automóveis, o mundo conta também com alguns grandes mercados da música, como a MIDEM, a WOMEX. De entre desse leque dos maiores mercados do mundo, Cabo Verde propôs-se criar o seu, o Atlantic Music Expo Cabo Verde. É um espaço onde os profissionais da música, managers, produtores, jornalistas, empresários, directores de salas e de festivais, agentes, bookers, distribuidores, publishers, sociedades de autores, consultores, advogados, contabilistas, videastas, fotógrafos, fabricantes de instrumentos, equipamentos e acessórios diversos, de todo o mundo, se encontram para expor os seus produtos. O conceito do Atlântico surgiu da nossa vocação cultural e posição geoestratégica. Como região, o Atlântico vai da Islândia de Bjork à Estônia de Avro Pärt, para além do óbvio. Como cultura, ela inclui todo o chamado novo mundo. É o espaço do futuro. Por isso, o nosso mercado pegou na primeira edição. Quanto à estrutura, o nosso mercado é dividido em três partes: a das Conferências, workshops, ateliers, formação, palestras, debates; a dos showcases, concertos de duração máxima de 40 minutos para o público profissional; e a dos negócios, com stands e exposição, onde, para além de CDs, DVDs, Flyers, divulgação e amostras, haverá também um showroom de instrumentos e equipamentos de música.

- A Womex (Word Music Expo) é a parceira privilegiada do Ministério da Cultura nesta empreitada. Em que consiste esta parceria? 


A WOMEX é o maior mercado de música do mundo. Na última edição, na Grécia, teve mais de dois mil e quinhentos participantes. Hoje, as cidades da Europa concorrem e pagam para receber a Womex. Ela nunca fez parcerias porque estaria a ter concorrentes. Na minha reunião com o Presidente da Womex na Dinamarca, ele foi sincero, dizendo que não lhes interessava o nosso mercado. Insistimos, explicámos as nossas razões com convicção, servimo-nos do prestígio da música e dos músicos de Cabo Verde e ele, dias depois, aceitou. É o primeiro exemplo no mundo. A Womex tem know-how na matéria. A sua chancela significa que estamos a começar um mercado junto com alguém que já leva mais de vinte anos no ramo e liderando o mesmo. A Womex faz a montagem técnica do mercado, relativamente à divulgação internacional, consultorias, inscrições, constituição do júri, selecção, programação, contactos com os profissionais do mundo, booking, etc. Isso trouxe-nos um enorme prestígio e credibilidade junto da comunidade internacional. No fundo, eles investem em nós. A Womex criou um consórcio, que está constituído por alemães, ingleses, franceses, brasileiros. Quiseram também ter um parceiro cabo-verdiano e convidaram a Harmonia. Para a parte dos instrumentos e equipamentos trabalhámos com outro parceiro, a Feira da Música do Ceará e com consultores e empresas brasileiras, como a Contemporânea, que fabrica os instrumentos de percussão usados no carnaval. Tivemos também mercados amigos, que nos ajudaram na concepção e maturação do nosso, tais como o Le Kolatier (Camarões), o IOMA (Indian Ocean Music Market, da Ilha da Reunião), o Babel Med (mercado da música do Mediterrâneo, em Marselha, França). Por isso, ficámos rapidamente a ser conhecidos nos quatro cantos do mundo e montamos o mercado em tempo record. Mas também foi essencial a vontade política do Governo de Cabo Verde, especialmente do Senhor Primeiro-Ministro e da Senhora Ministra das Finanças.


- O AME acontecerá na zona história da cidade da Praia, o chamado Plateau. Porquê aqui?

Depois de visitarmos vários mercados no mundo, quisemos que o nosso tivesse um destaque e uma peculiaridade que servisse também de atracção. Assim, optámos por fazê-lo no casco histórico de uma cidade e ao ar livre. O Plateau serve por várias razões. Sendo a primeira edição, queríamos assegurar sem falhas a questão das viagens e do alojamento. A Praia era a única cidade que tinha a capacidade de alojamento que se exigia. A parceria com a Câmara Municipal na mobilização dos hotéis, restaurantes e bares foi fundamental. Por outro lado, os nossos consultores aconselharam-nos a linkar o AME a um outro evento de renome mundial, para atrair mais público. Assim, aproveitamos o Kriol Jazz Festival.

- A cidade da Praia será sempre o palco do AME?

Não. Assim que o Ame estiver solidificado, é bom que seja rotativo. Isso implica mais custos, mas pode também significar mais ganhos. Queremos que sejam os próprios municípios a se candidatarem para receberem o evento. E com isso estaríamos a fazer uma boa distribuição de riqueza a nível nacional.

- É a primeira vez que um evento desta natureza acontece no país. Qual a sua expectativa?

O objectivo da AME é tornar Cabo Verde numa plataforma mundial de negócios da cultura, especificamente, da música para começar. O objectivo a longo prazo é converter Cabo Verde numa espécie de zona franca no Atlântico. Isso colocaria a nossa música também no centro do mundo. Essa movimentação criaria uma cadeia de valores de alto rendimento para a economia, como o turismo de eventos, com impactos reais no import/export, na logística, no sector dos transportes, nas comunicações, na vida municipal, etc. Uma parte desta aposta já está ganha: conseguir trazer esse mercado para Cabo Verde e a adesão mundial que tivemos. Espero que os nossos músicos consigam “fechar” vários concertos pelo mundo fora, passem a ter muito trabalho, com bons resultados, consigam cativar os profissionais, colocar a imagem e o prestígio do país cada vez mais alto e que sejam felizes com isso. Que o país consiga converter toda a sua vocação e inspiração numa fonte de riqueza e de melhoria da qualidade de vida.

- Que benefícios uma exposição como esta poderá trazer para a música de Cabo Verde e, em particular, para a indústria da música?

Nós trouxemos o Maomé até à montanha, parafraseando a sentença popular. Veja o quadro com a lista dos participantes: os maiores profissionais de música, do mundo inteiro, estão aqui. São eles que investem na música, que compram e vendem concertos, que promovem discos, que gerem a carreira dos artistas, que constroem e distribuem instrumentos e equipamentos, que escrevem sobre os discos, que organizam festivais, que programam as salas, que financiam as tournées, que colectam os royalties. Por outro lado, vamos adquirir instrumentos a preço cinco, seis vezes inferior ao do mercado interno. Amplificadores, microfones, estúdios de gravação, etc., a preços acessíveis. É o contacto directo com quem produz. Os empresários vêm buscar parceiros nacionais para os representar, para venderem esses instrumentos aqui e no continente. Vão querer produzir os seus artistas internacionais aqui. Os nossos profissionais vão estar em contacto directo com agentes de Bob Marley, de Manu Dibango, de Cesária Évora, de Mariza, de Salif Keita. Vão trocar contactos, ideias, experiências. É o mundo que vem conqui na porton de nos ilha, no dizer de Renato.

- Uma das atracções do AME é a Noite SACEM, sociedade de autores de França. Em que consiste e qual o objectivo de organizar uma noite assim?

A SACEM foi um dos convidados do Fórum MusiCabo Verde realizado no ano passado, na Cidade Velha. Reunimos 30 experts internacionais para debatermos a criação da AME e os problemas que enfrentámos no mundo da música. A SACEM, que representa a maior parte dos autores cabo-verdianos, dispôs-se a ajudar-nos a sedimentar a nossa sociedade de autores e o AME. Como gesto de parceria, propôs uma noite de intercâmbios, fora da selecção para os showcases, e que teria a chancela e o co-financiamento deles. Aceitámos porque só o nome da SACEM é um sinal muito forte perante os profissionais do mundo.

- Alguns artistas nacionais e internacionais actuarão na noite Sacem. Os cabo-verdianos são Manuel di Candinho, Jenifer Soledade, Kim Alves, José Luís. Porquê estes e não outros?

Foram artistas que o presidente honorário da SACEM ouviu no Fórum Musi Cabo Verde e que, segundo um conceito que ele já tinha, cabiam no projecto que queria desenvolver e convidou-os directamente. Esses artistas vão actuar com artistas franceses, em Cabo Verde e em França. Vão ensaiar em Paris para este projecto.

- O Kriol Jazz Festival é outra parceira do AME. Como colaborará o KJF com o AME?

Na verdade, não existe uma parceria entre o AME e o KJF. A parceria do KJF é com a Câmara Municipal da Praia. O AME tem um entendimento com o Kriol Jazz Festival para que o evento se realize na mesma época, complementando-se. Isto é importante, na medida em que permite criar um pacote.

- Acredita que as parcerias público-privadas são a solução para a organização deste tipo de eventos?

A política do Governo é clara nesse sentido. O programa do Governo recomenda e o MC tem seguido essa estratégia: foi assim que instalámos as Casas de Cultura; é assim que vamos instalar os novos centros culturais na Brava, Mosteiros, Santa Catarina do Fogo, Boa Vista, Sal e Maio, brevemente. É assim que estão a nascer as novas salas de concertos no país. É assim que vão nascer os conservatórios municipais. É assim que estão a nascer os museus. É assim que está o Carnaval a melhorar. Relativamente aos eventos, impulsionamos as iniciativas privadas. E quando somos nós a despoletar a iniciativa, procuramos os privados. O AME, assim como outras iniciativas culturais iniciadas pelo MC, tem muita parceria privada e com os municípios. A previsão é que o AME passe a ser realizado por profissionais nacionais e estrangeiros, como acontece com a Womex, assumindo eles todos os custos. O Estado não deve, nem pode subsidiar eternamente actividades que podem ser perfeitamente executadas por agremiações da sociedade civil.

- Em termos de expectativas, como está a adesão nacional e estrangeira ao AME?

Superou. Tivemos mais de quarenta inscrições nacionais, abrangendo mais de cem participantes. Temos ainda a confirmação de participação de 13 municípios, que estarão com seus stands, representando sua cultura e sua música, sua gastronomia e artesanato. Temos mais de setenta inscrições internacionais abrangendo mais de cem profissionais estrangeiros, para além de mais de quarenta experts. À parte, temos a delegação brasileira que vem com mais de quarenta pessoas. O Brasil apostou forte no AME.

- Além de músicos e cantores, quais as personalidades nacionais e internacionais do mundo da música que vão marcar presença no AME?

Vou responder à questão, mas convém esclarecer que o AME não é um festival, é um mercado. A diferença é que para os festivais os artistas são convidados e constituem a atracção. No mercado, os profissionais pagam para estarem presentes. Neste, a grande maioria dos músicos representados não estar presentes. Os poucos que farão show-cases constituem apenas a parte musical do mercado, que é um terço do mercado. O resto é contacto permanente entre os representantes dos artistas ou entre os artistas e os profissionais que trabalham com artistas do mundo inteiro. Os nossos profissionais vão receber antes uma formação de mercado, ministrada por profissionais da Womex, sobre como abordar o mercado, como tirar o máximo proveito, como guardar os contactos, como se organizar, como fazer o seguimento, etc.

- Além da comunidade de músicos, sente que os comerciantes e os empresários das áreas de restauração e hotelaria, por exemplo, aderiram ao evento?

A Câmara Municipal da Praia está a fazer esse trabalho. Esses serviços constituem uma parte fundamental do sucesso do evento, porque tudo se passa ao ar livre, na rua, com muito consumo, muita convivência. É uma intensa actividade económica durante esses dias. Os hotéis, os bares, os restaurantes, os táxis, os bancos, os serviços de telecomunicações, etc., o artesanato, o mercado, são núcleos importantes de negócios que influenciam outros negócios, criando uma cadeia enorme de trocas. Já solicitámos ao INE uma recolha de dados sobre o volume de negócios que o evento gera, para tornarmos mensurável mais tarde o impacto da cultura no PIB.

- É facto que os turistas atraídos pela música gastam mais do que os turistas regulares. O AME pode ser então a porta de entrada de Cabo Verde numa mina de ouro?

Temos esses dados, de que os turistas atraídos por eventos culturais gastam mais e têm mais intercâmbios com os locais, criando a base para um turismo sustentável, fomentando o turismo comunitário. Durante a conquista dos mercados e a divulgação mundial, em parceria com os TACV, fizemos um grande trabalho. Em Dezembro de 2012 fizemos uma reunião de balanço e verificámos que tínhamos realizado mais de 50 eventos internacionais para públicos específicos e colocámos Cabo Verde no circuito de mais de 11 milhões de pessoas, utilizando o circuito “Fora do Eixo”, do Brasil, e o 15M, de Espanha. Começamos a sentir o impacto positivo dessa política. Há cada vez mais procura pela nossa cultura. Espero que o AME seja, sim, essa janela para que o mundo descubra uma mina de criatividade, o país de mais música por metro quadrado no Planeta.

- Temos música e de muita qualidade, inquestionável mesmo. Mas será que temos as outras condições, nomeadamente infra-estruturais, para nos transformarmos num entreposto internacional de música?

Temos uma parte, o essencial: temos as esquinas onde aprendemos, temos os maestros, o legado, o talento e a força. Começamos a ter as pequenas salas em todas as ilhas. Temos estúdios de qualidade. Já está em perspectiva a construção de salas maiores por iniciativas privadas. É preciso mais investimentos, mas são eventos como esses que vão fazer o mundo descobrir toda a potencialidade do país, e que vão atrair investidores na área de salas, auditórios, residências artísticas, estúdio, logística, armazéns para stock de equipamentos, fábricas de suportes, etc.

- A AME é a primeira grande obra do seu mandato. Será o seu grande legado?

Fico desapontado (risos). Considero as outras pequenas obras também de grande dimensão, ainda que não no tamanho. Por exemplo, o que já se fez para o artesanato, com a aprovação dos Estatutos do Artesão pelos artesãos; Com a criação do selo Created in Cabo Verde para certificar o artesanato; Considero o Banco da Cultura um instrumento importante. Aliás, durante o AME, o Banco vai desempenhar um papel importantíssimo ao ajudar os municípios e os artistas a adquirirem instrumentos. Considero a classificação dos centros históricos do país e da Morna, etc. O AME, pelas suas características e dimensão, pelo impacto que pode ter na economia a médio prazo, é um bom trecho de caminho andado. Mas ainda falta muito. A grande obra só pode ser analisada no conjunto. E cada pedra é importante. O meu legado é ter cumprido com a parte que me coube.

- Com que frequência o MC pensa organizar a AME?

A AME será um evento anual.

- O senhor ministro já pensa na segunda edição?

Já. Temos um contrato para três anos com a WOMEX e estamos a captar recursos desde já. Na verdade, à segunda é que é…


Fonte: ASEMANA
Os principais produtores de eventos e agenciamento de artistas estão expectantes quanto às mais-valias que o AME_CV vai trazer para a industrialização da música cabo-verdiana. Os profissionais do ramo traçam um cenário positivo mas alertam para a necessidade de mais formação na área para que possam competir, de igual para igual, com os estrangeiros.



Entre os profissionais da área que dão cartas no sector a expectativa é grande. Gugas Veiga é um dos agentes de artistas mais antigos do mercado nacional e que há dois anos começou a marcar presença em eventos do género. Como afirma, “esta é uma boa oportunidade de negócio para a minha empresa e para os artistas por mim representados”. “Com a feira vamos poder mostrar o trabalho a um grande número de agentes, directores de festivais, distribuidores e editoras internacionais”.

O mesmo operador destaca ainda que esta feira “vai abrir muitas portas aos artistas nacionais mais bem preparados e poderá ajudar na sua internacionalização”. Quanto às vantagens para a indústria musical nacional, Gugas explica que, à partida, “terá muito a ganhar, pois a AME_CV trará mais oportunidades aos integrantes dessa indústria, obrigando, ao mesmo tempo, a organizarem-se e a capacitarem-se melhor”.

Questionado sobre o facto de os promotores/agentes nacionais estarem ou não em condições de competir com os seus colegas estrangeiros, que vão estar presentes no evento, o nosso entrevistado fala de trabalho contínuo.
“Será um trabalho crescente de aprendizagem para os promotores e agentes nacionais. Só o facto de poderem estar em contacto com os melhores da indústria musical mundial fará melhorar a nossa qualidade de prestação de serviços e oferta, sendo que precisamos somente de apresentar os nossos melhores produtos musicais e lutar para que tenham sucesso”.

3B PRODUÇÕES MOTIVADA
A 3B Produções é outra das empresas de organização de espectáculos a marcar presença na AME_CV. “É importante estarmos representados num evento do tipo, que acaba por ser uma exposição a nível nacional e internacional, pois, além do público nacional, estarão presentes agentes culturais internacionais à procura de produtos ou serviços para os seus eventos”, explica Nuno Ceres, um dos sócios da empresa.
Apesar de não ser uma empresa onde o seu core business é o management artístico, a 3B Produções vai representar alguns artistas na AME_CV que já fizeram parte dos seus eventos, como é o caso de Dani Santoz, Batchart, Boy Gê Mendes e Nelson Freitas, entre outros.
Para esta empresa, a expectativa é grande, sobretudo, porque, em feiras como esta, “geralmente assinam-se vários contratos para tournées internacionais, o que faz com que nossos artistas possam expor a sua obra em vários países do mundo”.
Apesar de não se queixar do investimento de 6500 escudos no stand, que é prática comum em outras paragens, Patrick Borges, outro dos sócios da 3 B Produções, alerta para o trabalho de merchandising que as empresas têm de fazer.
“Os profissionais estrangeiros vêm equipados com vários materiais para venderem os seus serviços e produtos. Há catálogos de representação a produzir, flyers, CD’s, etc. Por isso, o Ministério da Cultura poderia ter proposto um pacote com possibilidade de as empresas fazerem as suas impressões com descontos. Porque não é só ter um stand”, esclarece.
O mesmo refere ainda que para que os profissionais nacionais possam competir com os internacionais “é preciso investir em formações a nível nacional, criar uma base de dados do sector e leis de protecção, que defendam os nossos interesses”.
GMS ENTERTAINEMENT APOSTA NA DIVULGAÇÃO
A produtora de eventos de Gilyto Semedo, a GMS Entertainement, é outra das presenças do AME_CV. Segundo esse artista e empresário, o objectivo é “dar a conhecer” a sua empresa e “criar um intercâmbio com as outras empresas da área e apresentar os nossos serviços/produtos”.
O nosso entrevistado acredita que esta feira irá trazer mais-valias para a indústria musical cabo-verdiana por ser uma “oportunidade dos artistas fazerem um tour a nível internacional ou arranjarem produtores/distribuidores para os seus trabalhos. Será uma abertura para um mercado mais vasto”.
Gilyto explica ainda que “os artistas cabo-verdianos só conseguirão viver da música se o nosso mercado for o mundo” e, para isso, é preciso “vender para fora uma das melhores coisas que temos: nossa música e os artistas”.
A GMS conta ainda ter também um stand no AME_CV por acreditar que “será uma forma de expormos os nossos produtos/projectos editados e realizados”.
Tal como os outros entrevistados, questionado sobre o facto de os promotores/agentes nacionais estarem ou não em condições de competir com os internacionais, Gilyto Semedo acredita que “os nacionais têm tanta capacidade quanto os internacionais”. Mas, reconhece, “a verdade é que os cabo-verdianos não têm as mesmas condições. Falta a tal base, organização, formação, experiência, apoios, etc. Sem isso é como oferecer um carro a quem não sabe conduzir”.

segunda-feira, 25 de março de 2013


Os cidadãos cabo-verdianos que responderam a um estudo do Centro de Investigação em Gestão (CIGEST) do Instituto Superior de Gestão, do grupo Lusófona, Portugal, avaliam como “excelente” a actuação o Presidente da República, Jorge Carlos Fonseca (91,2%). Já o Primeiro-Ministro, José Maria Neves, apesar de um desempenho longo no tempo, goza ainda de grande valia – 68,6% - com 31,4 por cento de negativismo. O principal problema apontado é o desemprego. Este estudo foi feito com uma amostra de 2.175 cidadãos cabo-verdianos de ambos os sexos.

O líder da oposição, Carlos Veiga, recolhe também muito apreço (69.6%), de avaliação positiva e 30,4 por cento de negativa. Jorge Carlos Fonseca é o político que oferece mais confiança. Mas mesmo assim, a classe política só vem depois dos professores, dos médicos, dos padres dos soldados e dos jornalistas.
Neste estudo o principal problema apontado pelos cabo-verdianos, comum aos três líderes – PR, PM e Carlos Veiga - foi o pouco empenho no combate ao desemprego, considerando que o Governo podia fazer mais. Aliás, o desemprego é primeiro problema que afecta os cidadãos (74.6%) das opiniões, seguido da falta de segurança (26,9%) e da falta de saúde (24,7%). Os cabo-verdianos apontaram a falta de electricidade como um problema, em quinto lugar (10,3%).
A principal melhoria do Governo acontece nas infra-estruturas - estradas e barragens - mas, neste particular 50% dos inquiridos não quiseram dizer nada negativo. Apenas 9,6 por cento referiram “promessas não cumpridas”.
Sobre a qualidade de vida, comparativamente ao ano anterior, as opiniões divergem, assumindo 40 por cento que ela mantém-se. Cerca de 30% das opiniões consideram que a qualidade de vida piorou em relação ao ano passado, e outros 30 por cento opinam que a vida melhorou. As mulheres foram mais optimistas do que os homens, aponta o estudo. A ilha do Sal foi a mais pessimista.
Quanto ao grau de confiança nas instituições, o estudo revela que os cabo-verdianos confiam mais nos médicos, professores e padres. Os políticos estão do lado oposto da escala da confiança.
Por áreas de governação, o principal indicador com o maior saldo positivo foram os esforços em conseguir “a Imagem de Cabo Verde no Mundo” (50,3%), seguido da Cultura (30,6%) e da Saúde (30%5). Com saldo negativo estão as opiniões sobre a Economia e Competitividade (-21,8%), Finanças Públicas (-22,8%), Honestidade na gestão do Governo (-27%). Com maior negatividade, vem a Electricidade e Água (-29,3%) e Emprego e Formação Profissional (-37,4%).
Sobre a avaliação do presidente de Câmara, a maioria dos municípios consegue uma performance positiva, com sinais claros de melhoria face ao anterior mandato. Os “melhores” municípios são São Filipe (87,7%), Praia (81,9%), Porto Novo (77,5%) e Paul (64,9%). Os de pior desempenho são Ribeira Grande de Santiago ( (0,1%), e com saldos negativos são Brava com (-7,3 %) e Calheta de S. Miguel (- 20,8%).
O estudo, intitulado “Cabo Verde - Sociedade e poder”, não foi encomendado, foi feito por iniciativa do Centro de Investigação em Gestão (CIGEST) do Instituto Superior de Gestão, do grupo Lusófona, Portugal, pelos professores Teresa Damásio, Anabela Simões, Miguel Varela e Rita Marques.
Aconteceu nos meses de Novembro e Dezembro de 2012, em 22 concelhos das nove ilhas habitadas de Cabo Verde por universitários cabo-verdianos locais, seguindo a metodologia de uma mulher ou um homem por família, em meio urbano e rural. O grau de probabilidade de erro é de 2.1. O objectivo passa por conhecer melhor a qualidade de vida dos cabo-verdianos e o que eles pensam das suas instituições: do Governo por áreas de actuação e dos presidentes de Câmara.
O estudo foi apresentado esta quarta-feira em Portugal, mas será dado a conhecer aos cabo-verdianos no próximo mês de Abril. Estavam na sala vários quadros cabo-verdianos, seniores e jovens. Alguns fizeram alguns reparos quanto aos dados relativos às ilhas do Fogo e Sal, pela surpresa de algumas respostas penalizadoras, mas consideraram que o estudo é um ponto de partida para novas análises.
Os investigadores consideraram que estas duas ilhas merecem um estudo mais aprofundado para se compreender determinados resultados. Quem quiser consultar o estudo na íntegra pode solicitar o pedido junto do CIGESTE, através do seu site.


Fonte: ASEMANA

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


A ilha de São Vicente terá “em breve” a sua Casa Memória do Carnaval que funcionará num edifício com carácter histórico da ilha, anunciou, no Parlamento, o ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa.

Segundo o governante, na sequência da assinatura, recente, de um protocolo com o Ministério das Finanças, que passa para a gestão do Ministério da Cultura todos os edifícios do Estado com carácter histórico em todas as ilhas, “muito em breve”  São Vicente terá um espaço para edificar a sua Casa Memória do Carnaval.


“O protocolo nos vai permitir em todas as ilhas ter disponibilidade, trabalhar com a sociedade civil e entregar edifícios para o bem da comunidade”, anotou o ministro.



“Para São Vicente, há três edifícios públicos que estão nesta lista e vou-me deslocar brevemente à ilha para discutir com os grupos se esses edifícios convém e, se sim, vamos lançar as obras da primeira Casa da Memória do Carnaval na ilha de São Vicente”, acrescentou Mário Lúcio Sousa.



O plano de sustentabilidade do Carnaval do Ministério da Cultura foi implementado em 2011-2012 e incluiu três fases, a entrega dos kit para a confecção de andores, a entrega de kit de percussão e a edificação das casas memória do Carnaval.



Embora a primeira iniciativa para a construção da Casa de Memória do Carnaval em Cabo Verde tenha pertencido ao grupo Samba Tropical, de São Vicente, em 2011, foi a ilha de São Nicolau a avançar com a primeira construção devido à disponibilização de um edifício pelo município da Ribeira Brava.



Fonte: Inforpress

Imagem: FAAC

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


O Ministério da Cultura está a pôr em prática um Plano de Sustentabilidade para o Carnaval, que consiste em dar financiamento, materiais e apoios logísticos aos grupos carnavalescos de Cabo Verde.


“O Plano de Sustentabilidade que tem vindo a ser implementado desde o ano passado, realiza-se em três fases: A oferta de equipamentos e materiais a grupos para preparação do desfile, oferta a grupos de kit de batucada e formação e instalações de Casas de Carnaval”, revela o MC, para quem em algumas ilhas já se está a implementar a segunda fase do plano.
“Consiste no fornecimento de kits de percussão com 32 peças e na formação de grupos de batucada. Os instrumentos foram todos fabricados em Cabo Verde e neste momento já foram distribuídos sete kits: três no Fogo, um em Santo Antão e três em São Nicolau”, adianta.
Com isso, o MC quer que cada grupo tenha a sua própria bateria de percussão, que funcionará durante o ano como uma escola de música e de formação em fabrico, manutenção e manuseio dos instrumentos, entre outras actividades. Além disso, a entidade governamental também contemplou grupos de várias ilhas com materiais para confecção de andores.
Este ano os grupos carnavalescos terão também mais duas modalidades de financiamento para a festa do Rei Momo. Através do crédito reembolsável sem juros do Banco da Cultura e do financiamento a fundo perdido. Algumas escolas e grupos infantis que vão desfilar no Carnaval 2013 também serão apoiados pelo MC.

O ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, anunciou esta sexta-feira, 4, no Mindelo que vai doar mil contos à Seleção Cabo verdiana de Futebol que vai disputar este mês, na África do Sul, o Campeonato Africano das Nações.


Para justificar este prêmio, o titular da pasta da Cultura disse que através do futebol a Seleção Nacional vai também exportar a cultura cabo-verdiana em cada membro da sua comitiva.
Mário Lúcio também deu asas à sua veia poética e apelidou a Seleção Nacional de “Doce Guerra” em alusão à musica de Antero Simas, porque, segundo ele, os “Tubarões Azuis” vão representar mais de um milhão de cabo-verdianos no país e na diáspora.
Quem também se mostrou grato com o apuramento de Cabo Verde para o CAN foi Augusto Neves, presidente da Câmara Municipal de São Vicente. Segundo Neves, “Lúcio Antunes e seus pupilos vão dignificar as cores da bandeira nacional”.
Por sua vez, o selecionador Lúcio Antunes agradeceu os gestos de carinho dos são-vicentinos que, na sua óptica, apoiaram a seleção mesmo antes do apuramento para o CAN. Foi por isso, disse Antunes, que decidimos iniciar os treinos na ilha de São Vicente, considerada uma potência no desporto nacional.

O encontro entre o ministro da Cultura, Mário Lúcio, e os artistas cabo-verdianos residentes em Portugal não poderia ter corrido melhor. Reunidos numa sala do hotel Flórida, na tarde do passado sábado, dezenas de artistas ouviram da boca do ministro/poeta as suas ideias para uma política cultural, algo inédito na história da democracia - cabo verdiana.

Mário Lúcio começou por fazer um pequeno balanço de algumas medidas já em funcionamento, desde a sua tomada de posse, em Março deste ano. A grande novidade vai para o Banco da Cultura.
De acordo com Mário Lúcio, o Banco da Cultura funciona em duas modalidades: o ministério dispõe de uma verba de 10 mil contos, (pouco mais de 20 mil euros), para o financiamento de pequenos projetos relacionados com música, artes plásticas, investigação, etc - "diretamente disponibilizados pelos nossos serviços, sem qualquer compromisso de reembolso", explicou o ministro.

Banco da Cultura
Mas o Banco de Cultura vai mais longe: "qualquer pedido de financiamento de montantes superiores poderá ser feito diretamente num banco, ficando o ministério da Cultura como avalista desse empréstimo, e que poderá ser pago em 20, 30 anos." Para Mário Lúcio, o importante é que o dinheiro da conta do ministério no banco seja movimentado pelos artistas, criadores, através dos seus projetos  "Todos sabemos que o dinheiro parado não rende."
A ideia do Banco da Cultura já atraiu as atenções de vários analistas estrangeiros, explicou Mário Lúcio, que a considera uma grande vitória dadas as resistências iniciais, mesmo no seio do governo de Cabo Verde, e que quase o fizeram "abandonar o governo logo no início", confessou. A ideia da cultura como mais-valia para a economia é um dos pilares da política cultural do governo, sendo "o quarto pilar" da estratégia de desenvolvimento de Cabo Verde, disse Mário Lúcio.

No entanto, em termos financeiros, o orçamento do ministério da Cultura não representa mais de 0,4% do OE, o que se traduz nuns escassos 79 mil contos para investir nas suas várias áreas de intervenção, como incentivo à cultura. "E já no próximo ano prevemos um corte significativo, o que nos deixará uma verba de apenas 50 mil contos para gastar."
Estando em Lisboa, algumas perguntas da assistência foram para o tão falado Centro Cultural Cabo-verdiano, cujo protocolo de cedência do espaço foi assinado no início do ano entre o então embaixador Arnaldo Andrade e o presidente da Câmara de Lisboa António Costa. Aqui, as notícias não parecem muito boas, já que o valor das obras de reabilitação do espaço - situado em Pedrouços, junto da antiga Universidade Moderna - estão avaliadas em cerca de 2 milhões de euros.
A Embaixada em Lisboa também não irá ser contemplada com a figura de adido cultural, explicou o ministro. "Estamos mais voltados para a criação de um 'adido cultural honorário', em várias cidades onde existam cabo-verdianos, que, em muitos casos, já existem de facto."

"Despolitização" da língua cabo-verdiana
Outras questões foram abordadas pelo ministro, como a criação de uma central única para edição, coordenada pela Biblioteca Nacional (cujos novos estatutos estão a ser elaborados), bem como a ligação directa a todas as bibliotecas municipais do país, com apoio à edição e distribuição de livros. A criação das casas de cultura - já com algumas criadas em Santiago e São Vicente - será extensível a todas as ilhas, disse o ministro, "de forma a que cada município tenha uma", assim como a recuperação das antigas salas de cinema, existentes nas ilhas.
Outro aspecto debatido - calorosamente - com a assistência foi o estatuto da língua cabo-verdiana. Para o ministro, o processo passa por "primeiro oficializar a língua cabo-verdiana e só depois aprovar o alfabeto definitivo", o que mereceu de imediato a aprovação dos presentes na sala.
O ministro defendeu que a questão da língua deve ser dividida em duas: a oralidade e a escrita. "Acho que temos estado a colocar a carroça à frente...", disse o ministro, que se quer assumir apenas como entidade "homologadora" da decisão da sociedade civil, que é, a seu ver, "quem deverá discutir esta matéria".
A "despolitização" do debate sobre a língua, deixou claro Mário Lúcio, é um dos seus objetivos  Porém, nem tudo vai de vento em popa. E os problemas mais complicados surgem a nível da articulação de algumas medidas com o ministério da Educação e a própria Universidade de Cabo Verde, como fez questão de frisar. "Acho que é uma questão de ritmos, queremos fazer as coisas, mas às vezes vamos muito à frente dos outros, é preciso esperar."

Dignificação dos artistas
Algumas das medidas a respeito da educação, defendeu Mário Lúcio, passam pelo ensino pela arte. "Vamos introduzir uma medida é que o aluno, depois da Matemática, do Português e da História, possa ir a casa do senhor x ou y, que toca cavaquinho, violão ou violino, e que ele possa passar uma hora com este senhor e aprender algumas noções de música; quem diz música diz pintura, artesanato, etc, para que ele possa ter um contacto com a arte através de artistas locais."
A dignidade dos artistas, por outro lado,  "como representantes do Estado de Cabo Verde", foi tida em conta com alargamento do passaporte de serviço para as suas deslocações ao exterior, explicou Mário Lúcio, passando também a dispôr de uma sala especial no aeroporto da Praia, quer nas suas deslocações ao estrangeiro, quer para receber artistas visitantes. O cadastramento dos artistas é outro dos objectivo  "para a atribuição de uma carteira profissional e a sua regularização junto dos serviços das finanças."
Logo que este cadastro esteja terminado, o site do ministério da Cultura, disse, será colocado no ar.
O encontro, que aconteceu na tarde do  Dia Internacional da Música, terminou com Mário Lúcio entoando para a assistência a morna "Dez Grãozinhos di Terra", de Jota Mont. Mário Lúcio deverá reunir-se com o secretário de Estado da Cultura português, Francisco José Viegas, amanhã, quarta-feira, para um encontro de trabalho.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013



O Protocolo entre Banco da Cultura (Fundo Autônomo de Apoio à Cultura) e BIDC facilita financiamento de projetos culturais 


Os agentes e artistas culturais Cabo-verdianos já podem submeter diretamente os seus projetos ao Banco da Cultura, para financiamento, no âmbito do protocolo assinado com o Banco de Investimento para o Desenvolvimento da CEDEAO.


A assinatura do protocolo aconteceu esta segunda-feira no Palácio do Governo entre os presidentes do Banco da Cultura e do Banco de Investimento para o Desenvolvimento da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (BIDC), Carlos Horta e Ibashir Fo, respectivamente, e contou com as presenças do ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, e de vários artistas e agentes culturais.


 Segundo o ministro da Cultura, a Organização Internacional da Francofonia colocou 650 mil euros sob a gestão do Banco da Cultura e do Banco de Investimento para o Desenvolvimento da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental, que vai ser a garantia do Banco da Cultura junto dos Bancos Comerciais nacionais, para financiamento de projetos culturais.
"Significa que a partir de hoje os agentes culturais e os artistas cabo-verdianos podem submeter os seus projetos diretamente ao Banco da Cultura, serão analisados e financiados. Os bancos comerciais serão parceiros mas não têm riscos na medida em que somos o garante em primeira-mão e quando os montantes ultrapassam os 15 mil euros, o BIDC é o nosso garante           em primeira-mão junto dos bancos", explicou.
Ou seja, o Banco Cultural recebe os projetos ou ideia submetidos a empréstimos reembolsáveis, analisa a sua viabilidade, presta auxílio na elaboração dos mesmos, caso seja necessário, e por fim submete-os aos bancos comerciais para financiamento.
De acordo com o governante, o juízo da viabilidade ou não do projeto é competência exclusiva dos órgãos do Banco da Cultura - Fundo Autônomo de Apoio à Cultura.

No entender de Mário Lúcio Sousa, os bancos comerciais só vão ganhar com estes empréstimos, já que os juros serão discutidos com o Banco da Cultura, estando prevista a assinatura de um protocolo com os bancos comerciais.

O governante Cabo-verdiano disse ainda que, para além do Fundo de Garantia das Industrias Culturais da África de Oeste, objectivam outras formas e métodos de colaboração com o BIDC, para que possam ter créditos a longo prazo.



quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

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