quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013


A ilha de São Vicente terá “em breve” a sua Casa Memória do Carnaval que funcionará num edifício com carácter histórico da ilha, anunciou, no Parlamento, o ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa.

Segundo o governante, na sequência da assinatura, recente, de um protocolo com o Ministério das Finanças, que passa para a gestão do Ministério da Cultura todos os edifícios do Estado com carácter histórico em todas as ilhas, “muito em breve”  São Vicente terá um espaço para edificar a sua Casa Memória do Carnaval.


“O protocolo nos vai permitir em todas as ilhas ter disponibilidade, trabalhar com a sociedade civil e entregar edifícios para o bem da comunidade”, anotou o ministro.



“Para São Vicente, há três edifícios públicos que estão nesta lista e vou-me deslocar brevemente à ilha para discutir com os grupos se esses edifícios convém e, se sim, vamos lançar as obras da primeira Casa da Memória do Carnaval na ilha de São Vicente”, acrescentou Mário Lúcio Sousa.



O plano de sustentabilidade do Carnaval do Ministério da Cultura foi implementado em 2011-2012 e incluiu três fases, a entrega dos kit para a confecção de andores, a entrega de kit de percussão e a edificação das casas memória do Carnaval.



Embora a primeira iniciativa para a construção da Casa de Memória do Carnaval em Cabo Verde tenha pertencido ao grupo Samba Tropical, de São Vicente, em 2011, foi a ilha de São Nicolau a avançar com a primeira construção devido à disponibilização de um edifício pelo município da Ribeira Brava.



Fonte: Inforpress

Imagem: FAAC

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013


O Ministério da Cultura está a pôr em prática um Plano de Sustentabilidade para o Carnaval, que consiste em dar financiamento, materiais e apoios logísticos aos grupos carnavalescos de Cabo Verde.


“O Plano de Sustentabilidade que tem vindo a ser implementado desde o ano passado, realiza-se em três fases: A oferta de equipamentos e materiais a grupos para preparação do desfile, oferta a grupos de kit de batucada e formação e instalações de Casas de Carnaval”, revela o MC, para quem em algumas ilhas já se está a implementar a segunda fase do plano.
“Consiste no fornecimento de kits de percussão com 32 peças e na formação de grupos de batucada. Os instrumentos foram todos fabricados em Cabo Verde e neste momento já foram distribuídos sete kits: três no Fogo, um em Santo Antão e três em São Nicolau”, adianta.
Com isso, o MC quer que cada grupo tenha a sua própria bateria de percussão, que funcionará durante o ano como uma escola de música e de formação em fabrico, manutenção e manuseio dos instrumentos, entre outras actividades. Além disso, a entidade governamental também contemplou grupos de várias ilhas com materiais para confecção de andores.
Este ano os grupos carnavalescos terão também mais duas modalidades de financiamento para a festa do Rei Momo. Através do crédito reembolsável sem juros do Banco da Cultura e do financiamento a fundo perdido. Algumas escolas e grupos infantis que vão desfilar no Carnaval 2013 também serão apoiados pelo MC.

O ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, anunciou esta sexta-feira, 4, no Mindelo que vai doar mil contos à Seleção Cabo verdiana de Futebol que vai disputar este mês, na África do Sul, o Campeonato Africano das Nações.


Para justificar este prêmio, o titular da pasta da Cultura disse que através do futebol a Seleção Nacional vai também exportar a cultura cabo-verdiana em cada membro da sua comitiva.
Mário Lúcio também deu asas à sua veia poética e apelidou a Seleção Nacional de “Doce Guerra” em alusão à musica de Antero Simas, porque, segundo ele, os “Tubarões Azuis” vão representar mais de um milhão de cabo-verdianos no país e na diáspora.
Quem também se mostrou grato com o apuramento de Cabo Verde para o CAN foi Augusto Neves, presidente da Câmara Municipal de São Vicente. Segundo Neves, “Lúcio Antunes e seus pupilos vão dignificar as cores da bandeira nacional”.
Por sua vez, o selecionador Lúcio Antunes agradeceu os gestos de carinho dos são-vicentinos que, na sua óptica, apoiaram a seleção mesmo antes do apuramento para o CAN. Foi por isso, disse Antunes, que decidimos iniciar os treinos na ilha de São Vicente, considerada uma potência no desporto nacional.

O encontro entre o ministro da Cultura, Mário Lúcio, e os artistas cabo-verdianos residentes em Portugal não poderia ter corrido melhor. Reunidos numa sala do hotel Flórida, na tarde do passado sábado, dezenas de artistas ouviram da boca do ministro/poeta as suas ideias para uma política cultural, algo inédito na história da democracia - cabo verdiana.

Mário Lúcio começou por fazer um pequeno balanço de algumas medidas já em funcionamento, desde a sua tomada de posse, em Março deste ano. A grande novidade vai para o Banco da Cultura.
De acordo com Mário Lúcio, o Banco da Cultura funciona em duas modalidades: o ministério dispõe de uma verba de 10 mil contos, (pouco mais de 20 mil euros), para o financiamento de pequenos projetos relacionados com música, artes plásticas, investigação, etc - "diretamente disponibilizados pelos nossos serviços, sem qualquer compromisso de reembolso", explicou o ministro.

Banco da Cultura
Mas o Banco de Cultura vai mais longe: "qualquer pedido de financiamento de montantes superiores poderá ser feito diretamente num banco, ficando o ministério da Cultura como avalista desse empréstimo, e que poderá ser pago em 20, 30 anos." Para Mário Lúcio, o importante é que o dinheiro da conta do ministério no banco seja movimentado pelos artistas, criadores, através dos seus projetos  "Todos sabemos que o dinheiro parado não rende."
A ideia do Banco da Cultura já atraiu as atenções de vários analistas estrangeiros, explicou Mário Lúcio, que a considera uma grande vitória dadas as resistências iniciais, mesmo no seio do governo de Cabo Verde, e que quase o fizeram "abandonar o governo logo no início", confessou. A ideia da cultura como mais-valia para a economia é um dos pilares da política cultural do governo, sendo "o quarto pilar" da estratégia de desenvolvimento de Cabo Verde, disse Mário Lúcio.

No entanto, em termos financeiros, o orçamento do ministério da Cultura não representa mais de 0,4% do OE, o que se traduz nuns escassos 79 mil contos para investir nas suas várias áreas de intervenção, como incentivo à cultura. "E já no próximo ano prevemos um corte significativo, o que nos deixará uma verba de apenas 50 mil contos para gastar."
Estando em Lisboa, algumas perguntas da assistência foram para o tão falado Centro Cultural Cabo-verdiano, cujo protocolo de cedência do espaço foi assinado no início do ano entre o então embaixador Arnaldo Andrade e o presidente da Câmara de Lisboa António Costa. Aqui, as notícias não parecem muito boas, já que o valor das obras de reabilitação do espaço - situado em Pedrouços, junto da antiga Universidade Moderna - estão avaliadas em cerca de 2 milhões de euros.
A Embaixada em Lisboa também não irá ser contemplada com a figura de adido cultural, explicou o ministro. "Estamos mais voltados para a criação de um 'adido cultural honorário', em várias cidades onde existam cabo-verdianos, que, em muitos casos, já existem de facto."

"Despolitização" da língua cabo-verdiana
Outras questões foram abordadas pelo ministro, como a criação de uma central única para edição, coordenada pela Biblioteca Nacional (cujos novos estatutos estão a ser elaborados), bem como a ligação directa a todas as bibliotecas municipais do país, com apoio à edição e distribuição de livros. A criação das casas de cultura - já com algumas criadas em Santiago e São Vicente - será extensível a todas as ilhas, disse o ministro, "de forma a que cada município tenha uma", assim como a recuperação das antigas salas de cinema, existentes nas ilhas.
Outro aspecto debatido - calorosamente - com a assistência foi o estatuto da língua cabo-verdiana. Para o ministro, o processo passa por "primeiro oficializar a língua cabo-verdiana e só depois aprovar o alfabeto definitivo", o que mereceu de imediato a aprovação dos presentes na sala.
O ministro defendeu que a questão da língua deve ser dividida em duas: a oralidade e a escrita. "Acho que temos estado a colocar a carroça à frente...", disse o ministro, que se quer assumir apenas como entidade "homologadora" da decisão da sociedade civil, que é, a seu ver, "quem deverá discutir esta matéria".
A "despolitização" do debate sobre a língua, deixou claro Mário Lúcio, é um dos seus objetivos  Porém, nem tudo vai de vento em popa. E os problemas mais complicados surgem a nível da articulação de algumas medidas com o ministério da Educação e a própria Universidade de Cabo Verde, como fez questão de frisar. "Acho que é uma questão de ritmos, queremos fazer as coisas, mas às vezes vamos muito à frente dos outros, é preciso esperar."

Dignificação dos artistas
Algumas das medidas a respeito da educação, defendeu Mário Lúcio, passam pelo ensino pela arte. "Vamos introduzir uma medida é que o aluno, depois da Matemática, do Português e da História, possa ir a casa do senhor x ou y, que toca cavaquinho, violão ou violino, e que ele possa passar uma hora com este senhor e aprender algumas noções de música; quem diz música diz pintura, artesanato, etc, para que ele possa ter um contacto com a arte através de artistas locais."
A dignidade dos artistas, por outro lado,  "como representantes do Estado de Cabo Verde", foi tida em conta com alargamento do passaporte de serviço para as suas deslocações ao exterior, explicou Mário Lúcio, passando também a dispôr de uma sala especial no aeroporto da Praia, quer nas suas deslocações ao estrangeiro, quer para receber artistas visitantes. O cadastramento dos artistas é outro dos objectivo  "para a atribuição de uma carteira profissional e a sua regularização junto dos serviços das finanças."
Logo que este cadastro esteja terminado, o site do ministério da Cultura, disse, será colocado no ar.
O encontro, que aconteceu na tarde do  Dia Internacional da Música, terminou com Mário Lúcio entoando para a assistência a morna "Dez Grãozinhos di Terra", de Jota Mont. Mário Lúcio deverá reunir-se com o secretário de Estado da Cultura português, Francisco José Viegas, amanhã, quarta-feira, para um encontro de trabalho.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013



O Protocolo entre Banco da Cultura (Fundo Autônomo de Apoio à Cultura) e BIDC facilita financiamento de projetos culturais 


Os agentes e artistas culturais Cabo-verdianos já podem submeter diretamente os seus projetos ao Banco da Cultura, para financiamento, no âmbito do protocolo assinado com o Banco de Investimento para o Desenvolvimento da CEDEAO.


A assinatura do protocolo aconteceu esta segunda-feira no Palácio do Governo entre os presidentes do Banco da Cultura e do Banco de Investimento para o Desenvolvimento da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental (BIDC), Carlos Horta e Ibashir Fo, respectivamente, e contou com as presenças do ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, e de vários artistas e agentes culturais.


 Segundo o ministro da Cultura, a Organização Internacional da Francofonia colocou 650 mil euros sob a gestão do Banco da Cultura e do Banco de Investimento para o Desenvolvimento da Comunidade Econômica de Estados da África Ocidental, que vai ser a garantia do Banco da Cultura junto dos Bancos Comerciais nacionais, para financiamento de projetos culturais.
"Significa que a partir de hoje os agentes culturais e os artistas cabo-verdianos podem submeter os seus projetos diretamente ao Banco da Cultura, serão analisados e financiados. Os bancos comerciais serão parceiros mas não têm riscos na medida em que somos o garante em primeira-mão e quando os montantes ultrapassam os 15 mil euros, o BIDC é o nosso garante           em primeira-mão junto dos bancos", explicou.
Ou seja, o Banco Cultural recebe os projetos ou ideia submetidos a empréstimos reembolsáveis, analisa a sua viabilidade, presta auxílio na elaboração dos mesmos, caso seja necessário, e por fim submete-os aos bancos comerciais para financiamento.
De acordo com o governante, o juízo da viabilidade ou não do projeto é competência exclusiva dos órgãos do Banco da Cultura - Fundo Autônomo de Apoio à Cultura.

No entender de Mário Lúcio Sousa, os bancos comerciais só vão ganhar com estes empréstimos, já que os juros serão discutidos com o Banco da Cultura, estando prevista a assinatura de um protocolo com os bancos comerciais.

O governante Cabo-verdiano disse ainda que, para além do Fundo de Garantia das Industrias Culturais da África de Oeste, objectivam outras formas e métodos de colaboração com o BIDC, para que possam ter créditos a longo prazo.