quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

O Banco de Cultura e o Novo Banco assinam, nesta segunda feira um protocolo de cooperação.

A assinatura deste acordo tem por objectivo de juntar-se as duas instituições para dar uma resposta concreta e efectiva às dificuldades de financiamento dos agentes culturais de Cabo Verde, artistas e seus projectos.









O Banco de Cultura é um serviço que faz a gestão do fundo público suportado pelo FAAC e pelos outros parceiros de financiamento de uma forma democrática, transparente, acessível, eficiente e pedagógica para todos os artistas e agentes culturais.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

O Primeiro-Ministro inaugurou, nesta tarde de segunda-feira, 14 de Outubro, a primeira agência do Banco da Cultura culminando um trabalho de alguns anos a esta parte, do Governo através do Ministério da Cultura, para uma solução concreta para responder à grande necessidade de financiamento por parte dos agentes culturais. Um projecto que, tanto o Primeiro-ministro, José Maria Neves, quanto o Ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, acreditam que irá ajudar a dinamizar e a promover uma verdadeira economia da cultura, transformando em riqueza económica a nossa grande riqueza cultural.


Visivelmente satisfeito, o Primeiro-Ministro, em entrevista ao PMTV, afirmou a sua convicção de que  o Banco da Cultura (BC) irá ajudar a dar uma resposta concreta e efectiva à grande dificuldade de financiamento dos artistas e seus projectos, sendo, por isso, uma medida clara para a dinamização do sector cultural e a sua transformação para que possa constituir uma verdadeira economia da cultura, ou seja, para que a nossa grande riqueza cultural possa corresponder ao seu potencial enquanto gerador de riquezas e contribuir efectivamente para o crescimento do PIB nacional.Com critérios rigorosos e transparentes o referido banco irá “criar condições para financiamento dos agentes culturais, mas sobretudo, abrir as possibilidades para que possa haver mais igualdade de oportunidades entre todos”, e com custos mais baixos.O Ministro da Cultura, Mário Lúcio Sousa, por sua vez, destaca o pioneirismo de Cabo Verde com este projecto, sendo um dos primeiros bancos do tipo no mundo. “Para o país representa a inovação, e a cultura tem esse papel, de ser um dos primeiros países do mundo que tem um banco da cultura…”, inclusive merecendo a atenção de outros países que vêm solicitando a consultoria de Cabo Verde na efectivação de projectos idênticos, nomeadamente Angola e Moçambique.Sobre a importância do Banco, Sousa afirma que o banco vem precisamente preencher aquela lacuna relativamente ao financiamento da arte, já que os bancos comerciais não costumam apoiar projectos “intangíveis” como é a arte. “Não acreditam no intangível, querem é matéria, não é?! Aquila que chamam garantia real e nós estamos a falar de garantia abstracta, o intangível é um valor e o BC trabalha com esse valor.Ainda em relação às formas de financiamento dos projectos pelo BC, o Ministro da Cultura explica que há seis sistemas de financiamento, nomeadamente o financiamento a fundo perdido, o financiamento reembolsável, através do Fundo de Garantia ou ainda através da Lei do Mecenato ou ainda através do adiantamento de verbas, ou de aquisição de obras de artes. De acordo Com Sousa, são processos simples e que os interessados poderão aplicar para os referidos financiamentos através de formulários online, com resposta directa através de sms ou e-mails. Fique atento à reportagem do PMTV sobre esta mesma matéria.

O Banco da Cultura tem 217 mil contos disponíveis para financiamento de projectos culturais, e todos os artistas e agentes culturais cabo-verdianos podem ter acesso à verba, anunciou segunda-feira, na Praia, o ministro Mário Sousa Lúcio.

Segundo o ministro, todos os artistas ou agentes culturais com projectos ligados à cultura podem ter acesso ao Fundo Autónomo de Apoio à Cultura (FAAC) através de cinco formas de financiamento, como a fundo perdido, reembolsável, adiantamento de verbas, fundo de garantia do BIDC e da lei do mecenato.
“Em todas as ilhas, existem um balção do Banco da Cultura, onde se pode apresentar os projectos”, disse o ministro, explicando que esses projectos têm de cumprir alguns critérios, como fomentar o emprego e gerir rendas, acesso à cultura, integração social e cultural, criação e inovação, sustentabilidade financeira e credibilidade técnica e financeira.
Mário Sousa Lúcio adiantou que o banco, criado há dois anos, conta neste momento com 199 projectos de pedido de financiamento ligados à música, filmes, artesanato, eventos culturais, espaço cultural, literatura, artes plásticas, teatro e dança, comunicação multimédia e entre outros.
“Todos os projectos têm de ser credíveis”, indicou, apontando que os projectos de fundo perdido e projectos orçados até 1500 contos não passam pelo banco comercial e que são financiados directamente pelo Banco da Cultura.
Por sua vez, o primeiro-ministro, José Maria Neves, assegura que o Governo pretende criar condições para o financiamento dos agentes culturais, abrindo “possibilidades para que possa haver mais igualdade de oportunidade entre todos”, de forma a terem acesso a apoios não reembolsáveis, mas também a financiamentos com custos mais baixos em igualdade de oportunidade para todos.
O chefe do Governo declarou que o Ministério da Cultura está a dar um “grande passo”,  que irá “provocar mudanças de atitude, de comportamentos” e uma “nova forma de abordar a cultura”.
“Cabo Verde tem grandes talentos culturais, onde estamos a criar e inovar, e é possível transformar todos esses talentos em riquezas, já que não temos recursos naturais”, referiu José Maria Neves, salientando que é “necessário apostar fortemente” nessas riquezas e patrimónios.
Gugas Veiga, produtor musical e agente cultural, explicou que esse fundo é “uma grande oportunidade para os artistas” e que vai criar espectativas em relação ao financiamento dos projectos dos agentes culturais para quem o fundo significa “o renascimento de uma nova esperança”.
Segundo o agente cultural, apesar do banco estar a funcionar há dois anos, existe ainda algumas burocracias, mas afirmou que vão trabalhar para que os projectos futuros se concretizem e sejam financiados dentro das normas previstas e dos critérios existentes.
O Banco da Cultura foi criado pelo Fundo Autónomo de Apoio à Cultura, e tem por objectivo contribuir para a preservação, defesa e valorização do património cultural cabo-verdiano, financiando projectos na área ca cultura, a fundo perdido e ou a título reembolsável.

sexta-feira, 26 de abril de 2013


O Ministério da Cultura, através do Banco da Cultura (Fundo Autónomo de Apoio à Cultura), assinou esta sexta-feira, 26, um acordo com o Ecobank.

Criado há dois anos, destina-se a financiar projectos específicos em vez de o Ministério da Cultura continuar a atribuir "apoios e subsídios" isolados, como era feito até agora. Os projectos contemplados serão financiados com juros a 2 por cento (%).

Na prática, com a assinatura do acordo com o Ecobank, os criadores nacionais passam a dispor de mais um banco a quem recorrer para os projectos que queiram implementar, já que o Orçamento do Estado só atribui ao MC 0,4 por cento do bolo geral, o que corresponde a cerca de 79 mil contos anuais.
Fonte: A Nação

quarta-feira, 10 de abril de 2013


Kretxeu, a nota original do AME CV


O Atlantic Music Expo inova também com a criação da sua própria moeda de troca. Em lugar de senhas de alimentação, os artistas e expositores convidados receberam da organização alguns ‘kretxeus’ aceites nos principais bares, pubs, esplanadas e restaurantes do centro da cidade da Praia onde decorrem todos os eventos desta primeira edição da feira da música do Atlântico.


Uma passagem rápida pelas artérias do Plateau é suficiente para se notar os cartazes bem visíveis na entrada de espaços comerciais chamam a atenção dos que passam. “Aceitamos Kretxeus” ainda traduzido para o inglês, francês e também para o crioulo.
São notas originais e com uma imagem bastante atractiva. No verso, a figura de Nha Nácia Gómi com algumas estrofes em crioulo de Santiago.

sexta-feira, 5 de abril de 2013


O Atlantic Music Expo Cabo Verde (AME_CV) conta com 41 inscritos para showcase de artistas nacionais e mais de 60 inscritos internacionais de 30 países. O maior mercado da música anunciado ao mundo em Outubro passado no Womex (World Music Expo), na Grécia, visa atrair gente dos quatro cantos do globo que queiram saber mais sobre a música cabo-verdiana e não só.

O Ministério da Cultura abriu as portas para o maior mercado internacional da música em Cabo Verde. Uma oportunidade para artistas, agentes, managers, produtores e demais envolvidos no mundo da música mostrarem o que se faz no país.

Ao todo estão 41 inscritos para o showcase, um espaço onde artistas seleccionados poderão mostrar ao vivo as suas criações sobre o olhar de profissionais internacionais exigentes, fora as 60 inscrições internacionais recebidas até ao momento, abrangendo profissionais de mais de 30 países.
Dos inscritos para o showcase, apenas 13 foram seleccionados para uma apresentação em concertos muito específicos para profissionais: Diva Barros, Bau e Hernani Almeida, de São Vicente; João Eugénio, (São Nicolau), Sara Alhinho, Jay e Djodje (Santiago), Kaká (Boa Vista), Dani Santoz e Uziel Sança (Sal), Michel Montrond  e Neusa (Fogo) e os Irmãos Unidos (Santo Antão).
Para além de algumas desilusões de artistas que não foram chamados, críticas logo surgiram por causa do pagamento de três mil escudos para a inscrição e a não confirmação de que todos irão participar dos concertos. Ana Maia, coordenadora do AME_CV, explica que não se tratava de castings, uma vez que nas inscrições obtidas fazia-se uma selecção.
“Os mercados internacionais têm as suas regras. Este não é um festival de talentos e uma das características é que as inscrições devem ser pagas para a sustentabilidade do próprio mercado”, diz Ana Maia.
Por se tratar de um mercado para profissionais e, se assim é, “quem é profissional”, na óptica daquela responsável, deve ser o primeiro a dar sinal disso. “É um investimento”, entende. “Há produtores nacionais que, nos encontros que fizemos, se mostraram abertos e disponíveis a ajudar esses artistas, pagando-lhes tudo”.
A par do showcase ainda, segundo Maia, os artistas que se inscreveram, quer os seleccionados quer os não seleccionados, poderão participar em vários momentos de aprendizado, troca de experiências e conhecimentos, tais como conferências, workshops, feiras de instrumentos e stands (de promoção, de instrumentos e equipamentos). “Para essas áreas há um total de mais de cem participantes nacionais, abrangendo mais de setenta músicos, agentes, managers, produtores, editores, instituições, municípios”, conta.
UM EVENTO DE PRESTÍGIO
O Ministério da Cultura diz que está a apostar na qualidade para um maior prestígio e reconhecimento dos actores internacionais da música de modo a atrair um maior número de investidores nessa área.
E quanto às críticas segundo as quais alguns artistas com talento reconhecido em Cabo Verde terem ficado fora dos concertos, a coordenadora da AME_CV salienta que, tratando-se de um evento sério, “profissionais sérios foram chamados”.
E explica também: “O mercado tem os seus critérios previamente definidos a nível mundial e, nisso, se não se cumprir com esses critérios, qualquer iniciativa deste tipo perde prestígio e os profissionais estrangeiros não se deslocam a esses mercados; sem estes, portanto, desaparece, ficando com isso os artistas prejudicados”.
De todo o modo, segundo a mesma fonte, para evitar certas situações, um júri internacional tratou de cuidar da escolha dos artistas para o concerto. “Esse júri foi proposto pelo Womex, World Music Expo, e foi constituído por Christian Mousset (director do Festival de Angoulême, França), Carlos Seixas (director do Festival de Sines, Portugal) e Ivan Ferraro (director da Feira da Música do Ceara, Brasil).
HARMONIA, PARCEIRA DA AME_CV
A Hamonia Produções, representada em Cabo Verde por Djo da Silva, é um dos parceiros fortes do Atlantic Music Expo Cabo Verde. Por ser uma empresa de música com experiência em eventos internacionais foi o parceiro cabo-verdiano indicado pela própria Womex, que nunca esteve em África, antes.
“O MC é o promotor do evento, mas não tem capacidade técnica, nem profissionais especializados para a execução do mercado. Por isso fez um contrato com a Womex e seus associados. As inscrições internacionais são pagas directamente para a conta da Womex, na Alemanha, usando a plataforma da Womex. Para facilitar a participação nacional, pediram à Harmonia que aceitasse o pagamento das inscrições em Cabo Verde”, esclarece Ana Maia.
Este é um evento com um público-alvo específico, e junto destes, o MC garante que houve uma ampla difusão. “Tudo isso foi explicado em todos os encontros feitos em várias ilhas. Não há concorrência, há contactos”, enfatiza aquela porta-voz.
Durante o EMA_CV está prevista uma formação ministrada por experts internacionais dirigida aos profissionais nacionais marcada para 7 de Abril, com o intuito de explicar o funcionamento e os benefícios do mercado mundial de música. A todos os inscritos serão fornecidos um crachá que lhes permite participar activamente no mercado e podem levar seus CD's, flyers, DVD’s, cartões-de-visita e os distribuírem aos directores de festivais, produtores, agentes e managers.
“Haverá speed meetings, encontros facilitados entre os caboverdeanos e os estrangeiros, assistidos por instituições do Estado, para ajudar nos contactos e nas negociações, entre várias outras actividades”, diz Ana Maia.
APRESENTAÇÕES PELAS ILHAS E MUNDO
Recorde-se que o AME_CV foi apresentado, com a presença do ministro Mário Lúcio Sousa, entre 5 de Janeiro e 10 de Março, em São Vicente, Porto Novo, Ribeira Grande, Paul (Santo Antão), Sal, Ribeira Brava e Tarrafal (São Nicolau), Boa Vista, Maio, São Filipe, Mosteiros e Santa Catarina (Fogo), Brava e na cidade da Praia (Santiago). O Ministério da Cultura garante que foram convidados todos os interessados dos restantes municípios.
“Em todos esses lugares houve encontro com os músicos e agentes culturais, em que se explicou detalhadamente, com vídeo e powerpoint, tudo sobre o mercado. Ainda foram distribuídos folhetos, flyers, contactos e esclarecidas todas as dúvidas. As informações ainda foram colocadas no site ww.ame.cv e outros meios de comunicação”, conclui Ana Maia, que com estes dados espera ter esclarecido todas as dúvidas e questões sobre o AME_CV.

terça-feira, 2 de abril de 2013

O mundo da música aterra na próxima semana na Praia para tornar realidade a Atlantic Music Expo Cabo Verde (AME), a primeira grande obra de Mário Lúcio Sousa como ministro da Cultura. Nesta entrevista ao Kriolidadi, o governante que faz da arte uma profissão de fé – é músico, escritor e pintor – fala da revolução que um evento desta natureza vai trazer à indústria musical cabo-verdiana e dos planos para o futuro. É que pelo menos nos próximos três anos vamos ter o AME.



- Senhor ministro, antes de mais, explique aos cabo-verdianos: o que é a Atlantic Music Expo?

A Atlatic Music Expo Cabo Verde, resumindo, é uma Feira Mundial da Música. Assim como existem as feiras de turismo, os salões de automóveis, o mundo conta também com alguns grandes mercados da música, como a MIDEM, a WOMEX. De entre desse leque dos maiores mercados do mundo, Cabo Verde propôs-se criar o seu, o Atlantic Music Expo Cabo Verde. É um espaço onde os profissionais da música, managers, produtores, jornalistas, empresários, directores de salas e de festivais, agentes, bookers, distribuidores, publishers, sociedades de autores, consultores, advogados, contabilistas, videastas, fotógrafos, fabricantes de instrumentos, equipamentos e acessórios diversos, de todo o mundo, se encontram para expor os seus produtos. O conceito do Atlântico surgiu da nossa vocação cultural e posição geoestratégica. Como região, o Atlântico vai da Islândia de Bjork à Estônia de Avro Pärt, para além do óbvio. Como cultura, ela inclui todo o chamado novo mundo. É o espaço do futuro. Por isso, o nosso mercado pegou na primeira edição. Quanto à estrutura, o nosso mercado é dividido em três partes: a das Conferências, workshops, ateliers, formação, palestras, debates; a dos showcases, concertos de duração máxima de 40 minutos para o público profissional; e a dos negócios, com stands e exposição, onde, para além de CDs, DVDs, Flyers, divulgação e amostras, haverá também um showroom de instrumentos e equipamentos de música.

- A Womex (Word Music Expo) é a parceira privilegiada do Ministério da Cultura nesta empreitada. Em que consiste esta parceria? 


A WOMEX é o maior mercado de música do mundo. Na última edição, na Grécia, teve mais de dois mil e quinhentos participantes. Hoje, as cidades da Europa concorrem e pagam para receber a Womex. Ela nunca fez parcerias porque estaria a ter concorrentes. Na minha reunião com o Presidente da Womex na Dinamarca, ele foi sincero, dizendo que não lhes interessava o nosso mercado. Insistimos, explicámos as nossas razões com convicção, servimo-nos do prestígio da música e dos músicos de Cabo Verde e ele, dias depois, aceitou. É o primeiro exemplo no mundo. A Womex tem know-how na matéria. A sua chancela significa que estamos a começar um mercado junto com alguém que já leva mais de vinte anos no ramo e liderando o mesmo. A Womex faz a montagem técnica do mercado, relativamente à divulgação internacional, consultorias, inscrições, constituição do júri, selecção, programação, contactos com os profissionais do mundo, booking, etc. Isso trouxe-nos um enorme prestígio e credibilidade junto da comunidade internacional. No fundo, eles investem em nós. A Womex criou um consórcio, que está constituído por alemães, ingleses, franceses, brasileiros. Quiseram também ter um parceiro cabo-verdiano e convidaram a Harmonia. Para a parte dos instrumentos e equipamentos trabalhámos com outro parceiro, a Feira da Música do Ceará e com consultores e empresas brasileiras, como a Contemporânea, que fabrica os instrumentos de percussão usados no carnaval. Tivemos também mercados amigos, que nos ajudaram na concepção e maturação do nosso, tais como o Le Kolatier (Camarões), o IOMA (Indian Ocean Music Market, da Ilha da Reunião), o Babel Med (mercado da música do Mediterrâneo, em Marselha, França). Por isso, ficámos rapidamente a ser conhecidos nos quatro cantos do mundo e montamos o mercado em tempo record. Mas também foi essencial a vontade política do Governo de Cabo Verde, especialmente do Senhor Primeiro-Ministro e da Senhora Ministra das Finanças.


- O AME acontecerá na zona história da cidade da Praia, o chamado Plateau. Porquê aqui?

Depois de visitarmos vários mercados no mundo, quisemos que o nosso tivesse um destaque e uma peculiaridade que servisse também de atracção. Assim, optámos por fazê-lo no casco histórico de uma cidade e ao ar livre. O Plateau serve por várias razões. Sendo a primeira edição, queríamos assegurar sem falhas a questão das viagens e do alojamento. A Praia era a única cidade que tinha a capacidade de alojamento que se exigia. A parceria com a Câmara Municipal na mobilização dos hotéis, restaurantes e bares foi fundamental. Por outro lado, os nossos consultores aconselharam-nos a linkar o AME a um outro evento de renome mundial, para atrair mais público. Assim, aproveitamos o Kriol Jazz Festival.

- A cidade da Praia será sempre o palco do AME?

Não. Assim que o Ame estiver solidificado, é bom que seja rotativo. Isso implica mais custos, mas pode também significar mais ganhos. Queremos que sejam os próprios municípios a se candidatarem para receberem o evento. E com isso estaríamos a fazer uma boa distribuição de riqueza a nível nacional.

- É a primeira vez que um evento desta natureza acontece no país. Qual a sua expectativa?

O objectivo da AME é tornar Cabo Verde numa plataforma mundial de negócios da cultura, especificamente, da música para começar. O objectivo a longo prazo é converter Cabo Verde numa espécie de zona franca no Atlântico. Isso colocaria a nossa música também no centro do mundo. Essa movimentação criaria uma cadeia de valores de alto rendimento para a economia, como o turismo de eventos, com impactos reais no import/export, na logística, no sector dos transportes, nas comunicações, na vida municipal, etc. Uma parte desta aposta já está ganha: conseguir trazer esse mercado para Cabo Verde e a adesão mundial que tivemos. Espero que os nossos músicos consigam “fechar” vários concertos pelo mundo fora, passem a ter muito trabalho, com bons resultados, consigam cativar os profissionais, colocar a imagem e o prestígio do país cada vez mais alto e que sejam felizes com isso. Que o país consiga converter toda a sua vocação e inspiração numa fonte de riqueza e de melhoria da qualidade de vida.

- Que benefícios uma exposição como esta poderá trazer para a música de Cabo Verde e, em particular, para a indústria da música?

Nós trouxemos o Maomé até à montanha, parafraseando a sentença popular. Veja o quadro com a lista dos participantes: os maiores profissionais de música, do mundo inteiro, estão aqui. São eles que investem na música, que compram e vendem concertos, que promovem discos, que gerem a carreira dos artistas, que constroem e distribuem instrumentos e equipamentos, que escrevem sobre os discos, que organizam festivais, que programam as salas, que financiam as tournées, que colectam os royalties. Por outro lado, vamos adquirir instrumentos a preço cinco, seis vezes inferior ao do mercado interno. Amplificadores, microfones, estúdios de gravação, etc., a preços acessíveis. É o contacto directo com quem produz. Os empresários vêm buscar parceiros nacionais para os representar, para venderem esses instrumentos aqui e no continente. Vão querer produzir os seus artistas internacionais aqui. Os nossos profissionais vão estar em contacto directo com agentes de Bob Marley, de Manu Dibango, de Cesária Évora, de Mariza, de Salif Keita. Vão trocar contactos, ideias, experiências. É o mundo que vem conqui na porton de nos ilha, no dizer de Renato.

- Uma das atracções do AME é a Noite SACEM, sociedade de autores de França. Em que consiste e qual o objectivo de organizar uma noite assim?

A SACEM foi um dos convidados do Fórum MusiCabo Verde realizado no ano passado, na Cidade Velha. Reunimos 30 experts internacionais para debatermos a criação da AME e os problemas que enfrentámos no mundo da música. A SACEM, que representa a maior parte dos autores cabo-verdianos, dispôs-se a ajudar-nos a sedimentar a nossa sociedade de autores e o AME. Como gesto de parceria, propôs uma noite de intercâmbios, fora da selecção para os showcases, e que teria a chancela e o co-financiamento deles. Aceitámos porque só o nome da SACEM é um sinal muito forte perante os profissionais do mundo.

- Alguns artistas nacionais e internacionais actuarão na noite Sacem. Os cabo-verdianos são Manuel di Candinho, Jenifer Soledade, Kim Alves, José Luís. Porquê estes e não outros?

Foram artistas que o presidente honorário da SACEM ouviu no Fórum Musi Cabo Verde e que, segundo um conceito que ele já tinha, cabiam no projecto que queria desenvolver e convidou-os directamente. Esses artistas vão actuar com artistas franceses, em Cabo Verde e em França. Vão ensaiar em Paris para este projecto.

- O Kriol Jazz Festival é outra parceira do AME. Como colaborará o KJF com o AME?

Na verdade, não existe uma parceria entre o AME e o KJF. A parceria do KJF é com a Câmara Municipal da Praia. O AME tem um entendimento com o Kriol Jazz Festival para que o evento se realize na mesma época, complementando-se. Isto é importante, na medida em que permite criar um pacote.

- Acredita que as parcerias público-privadas são a solução para a organização deste tipo de eventos?

A política do Governo é clara nesse sentido. O programa do Governo recomenda e o MC tem seguido essa estratégia: foi assim que instalámos as Casas de Cultura; é assim que vamos instalar os novos centros culturais na Brava, Mosteiros, Santa Catarina do Fogo, Boa Vista, Sal e Maio, brevemente. É assim que estão a nascer as novas salas de concertos no país. É assim que vão nascer os conservatórios municipais. É assim que estão a nascer os museus. É assim que está o Carnaval a melhorar. Relativamente aos eventos, impulsionamos as iniciativas privadas. E quando somos nós a despoletar a iniciativa, procuramos os privados. O AME, assim como outras iniciativas culturais iniciadas pelo MC, tem muita parceria privada e com os municípios. A previsão é que o AME passe a ser realizado por profissionais nacionais e estrangeiros, como acontece com a Womex, assumindo eles todos os custos. O Estado não deve, nem pode subsidiar eternamente actividades que podem ser perfeitamente executadas por agremiações da sociedade civil.

- Em termos de expectativas, como está a adesão nacional e estrangeira ao AME?

Superou. Tivemos mais de quarenta inscrições nacionais, abrangendo mais de cem participantes. Temos ainda a confirmação de participação de 13 municípios, que estarão com seus stands, representando sua cultura e sua música, sua gastronomia e artesanato. Temos mais de setenta inscrições internacionais abrangendo mais de cem profissionais estrangeiros, para além de mais de quarenta experts. À parte, temos a delegação brasileira que vem com mais de quarenta pessoas. O Brasil apostou forte no AME.

- Além de músicos e cantores, quais as personalidades nacionais e internacionais do mundo da música que vão marcar presença no AME?

Vou responder à questão, mas convém esclarecer que o AME não é um festival, é um mercado. A diferença é que para os festivais os artistas são convidados e constituem a atracção. No mercado, os profissionais pagam para estarem presentes. Neste, a grande maioria dos músicos representados não estar presentes. Os poucos que farão show-cases constituem apenas a parte musical do mercado, que é um terço do mercado. O resto é contacto permanente entre os representantes dos artistas ou entre os artistas e os profissionais que trabalham com artistas do mundo inteiro. Os nossos profissionais vão receber antes uma formação de mercado, ministrada por profissionais da Womex, sobre como abordar o mercado, como tirar o máximo proveito, como guardar os contactos, como se organizar, como fazer o seguimento, etc.

- Além da comunidade de músicos, sente que os comerciantes e os empresários das áreas de restauração e hotelaria, por exemplo, aderiram ao evento?

A Câmara Municipal da Praia está a fazer esse trabalho. Esses serviços constituem uma parte fundamental do sucesso do evento, porque tudo se passa ao ar livre, na rua, com muito consumo, muita convivência. É uma intensa actividade económica durante esses dias. Os hotéis, os bares, os restaurantes, os táxis, os bancos, os serviços de telecomunicações, etc., o artesanato, o mercado, são núcleos importantes de negócios que influenciam outros negócios, criando uma cadeia enorme de trocas. Já solicitámos ao INE uma recolha de dados sobre o volume de negócios que o evento gera, para tornarmos mensurável mais tarde o impacto da cultura no PIB.

- É facto que os turistas atraídos pela música gastam mais do que os turistas regulares. O AME pode ser então a porta de entrada de Cabo Verde numa mina de ouro?

Temos esses dados, de que os turistas atraídos por eventos culturais gastam mais e têm mais intercâmbios com os locais, criando a base para um turismo sustentável, fomentando o turismo comunitário. Durante a conquista dos mercados e a divulgação mundial, em parceria com os TACV, fizemos um grande trabalho. Em Dezembro de 2012 fizemos uma reunião de balanço e verificámos que tínhamos realizado mais de 50 eventos internacionais para públicos específicos e colocámos Cabo Verde no circuito de mais de 11 milhões de pessoas, utilizando o circuito “Fora do Eixo”, do Brasil, e o 15M, de Espanha. Começamos a sentir o impacto positivo dessa política. Há cada vez mais procura pela nossa cultura. Espero que o AME seja, sim, essa janela para que o mundo descubra uma mina de criatividade, o país de mais música por metro quadrado no Planeta.

- Temos música e de muita qualidade, inquestionável mesmo. Mas será que temos as outras condições, nomeadamente infra-estruturais, para nos transformarmos num entreposto internacional de música?

Temos uma parte, o essencial: temos as esquinas onde aprendemos, temos os maestros, o legado, o talento e a força. Começamos a ter as pequenas salas em todas as ilhas. Temos estúdios de qualidade. Já está em perspectiva a construção de salas maiores por iniciativas privadas. É preciso mais investimentos, mas são eventos como esses que vão fazer o mundo descobrir toda a potencialidade do país, e que vão atrair investidores na área de salas, auditórios, residências artísticas, estúdio, logística, armazéns para stock de equipamentos, fábricas de suportes, etc.

- A AME é a primeira grande obra do seu mandato. Será o seu grande legado?

Fico desapontado (risos). Considero as outras pequenas obras também de grande dimensão, ainda que não no tamanho. Por exemplo, o que já se fez para o artesanato, com a aprovação dos Estatutos do Artesão pelos artesãos; Com a criação do selo Created in Cabo Verde para certificar o artesanato; Considero o Banco da Cultura um instrumento importante. Aliás, durante o AME, o Banco vai desempenhar um papel importantíssimo ao ajudar os municípios e os artistas a adquirirem instrumentos. Considero a classificação dos centros históricos do país e da Morna, etc. O AME, pelas suas características e dimensão, pelo impacto que pode ter na economia a médio prazo, é um bom trecho de caminho andado. Mas ainda falta muito. A grande obra só pode ser analisada no conjunto. E cada pedra é importante. O meu legado é ter cumprido com a parte que me coube.

- Com que frequência o MC pensa organizar a AME?

A AME será um evento anual.

- O senhor ministro já pensa na segunda edição?

Já. Temos um contrato para três anos com a WOMEX e estamos a captar recursos desde já. Na verdade, à segunda é que é…


Fonte: ASEMANA